° / °

Viver
MÚSICA

Lenine e Maestro Spok representam o frevo na Temporada Brasil-França

Unindo forças, Lenine e Maestro Spok celebram a cultura de Pernambuco em solo francês neste final de semana, como parte da programação da Temporada Brasil-França 2025.

Allan Lopes

Publicado: 14/06/2025 às 14:22

Cantor pernambucano Lenine/Foto: Jairo Goldflus/Divulgação

Cantor pernambucano Lenine (Foto: Jairo Goldflus/Divulgação)

Quase um mês se ou desde que o frevo dançou sobre o tapete vermelho de Cannes, anunciando a chegada do elenco de O Agente Secreto. Mas, incansável e barulhento como só ele, o ritmo decidiu esticar sua estadia em solo francês. Neste sábado e domingo, reencontra dois dos seus grandes aliados no espetáculo Lenine & SpokFrevo Orquestra, em Toulouse e Paris, dentro das celebrações da Temporada Brasil-França 2025.


O frevo sempre soube com quem contar. Lenine, pela MPB, e Maestro Spok, pelos arranjos orquestrais, desenvolvem uma relação de décadas com o gênero. Agora, juntos no palco, o reafirmam como uma linguagem viva, plural e universal.

“A cultura, de forma geral, tem na França um grande avalista internacional. Por isso é tão bacana que eles conheçam esse encontro que a gente vem cultivando. Sempre muito forte, muito potente, muito exuberante”, celebra o cantor pernambucano, em conversa exclusiva com o Viver.


E se há alguém capaz de apresentar a maior manifestação cultural de Pernambuco aos ses, esse é Lenine. Não apenas por sua intimidade com o ritmo, mas também pela relação afetiva e profissional com o país. No já longínquo 2004, ele fez dois shows lotados na casa parisiense Cité de la Musique, que originou o álbum ao vivo Lenine InCité, vencedor de dois prêmios Grammy Latino.

Um ano depois, dividiu o palco com a Orchestre National d’Île-de-, no Le Zénith Paris. “ei meses convivendo com 1.300 jovens, ensinando os fonemas das canções, já que eles não falavam português. Foi uma experiência incrível, da qual me orgulho bastante”, relembra.


Falar de Pernambuco é também falar de maracatu, caboclinho e tantas outras expressões. Por conta disso, o cantor escolheu faixas que traduzem essa diversidade sonora, a exemplo de Leão do Norte, Jack Soul Brasileiro e A Ponte, agora revestidas pela potência dos metais do grupo de Spok. Em contrapartida, o maestro conduzirá o público por um eio arrebatador através de hinos carnavalescos como Voltei, Recife, Sabe Lá o que é Isso e É de Fazer Chorar.


Para Lenine, essa fusão de linguagens representa o que ele define como “música contemporânea brasileira”. “O mais bonito é isso: eu canto o que é reconhecido como MPB, mas ela se expande tanto que encontra um encaixe perfeito com o frevo do Spok. Em muitos pontos, a gente dialoga nessa travessia”, observa ele. Assim, constrói-se uma sintonia entre a hibridez do artista e a tradição viva do frevo.

Um encontro que soa afinado, espontâneo e, claro, genuinamente pernambucano. “Entre os ingredientes que uso para compor, estão essas expressões ligadas ao carnaval. Não importa onde eu toque, carrego esses elementos comigo. Ninguém vai mudar isso”, arremata Lenine que, ao lado de Spok, escancara as janelas do mundo para a música feita em Pernambuco.

Mais de Viver