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Política
PRISÃO

Ao pedir prisão de Gilson Machado, PGR citou vaquinha para Bolsonaro

Gilson Machado foi preso sob suspeita de tentar ajudar Mauro Cid a fugir do país

Diario de Pernambuco

Publicado: 13/06/2025 às 15:09

Gilson Machado e o ex-presidente Jair Bolsonaro/Foto: Isac Nóbrega/PR

Gilson Machado e o ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)

O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, mencionou a campanha de arrecadação de doações para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua representação que pediu a prisão do ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL) e de Mauro Cid. Gilson Machado foi preso nesta sexta-feira (13). O pedido de prisão do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro não foi acatado.

Segundo o procurador, a Polícia Federal (PF) ressaltou em ofício que o ex-ministro, no dia 19 de maio deste ano, promoveu no Instagram uma campanha de arrecadação de doações de dinheiro para Bolsonaro.

"Vocês não têm noção da nossa preocupação com as despesas, centenas e, diga-se de agem, de várias origens. Em apenas um ano foram gastos em torno de R$ 8 milhões", declarou Machado ao pedir doações por Pix.

À PF, Jair Bolsonaro declarou que a ideia da "vaquinha" partiu do ex-ministro e que buscava, entre outras medidas, arcar com os custos de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. Durante depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF), na terça-feira (11), Bolsonaro afirmou que os valores doados chegaram a R$ 18 milhões.

aporte

Gonet solicitou prisão preventiva de Gilson Machado e Mauro Cid, busca e apreensão pessoal e domiciliar contra os dois, e o a dados bancários, fiscais, telefônicos e telemáticos de Cid.

No ofício recebido por Gonet, a PF também mencionou uma possível atuação de Gilson Machado junto ao Consulado de Portugal no Recife, em 12 de maio, para obter aporte português em favor de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O objetivo seria viabilizar a saída de Cid do território nacional.

Arquivos armazenados no celular de Cid, obtidos pela PF, mostram que o ex-ajudante de ordens chegou a procurar serviço de assessoria para obtenção da cidadania portuguesa.

Em sua representação, Gonet diz que há indícios suficientes de que o ex-ministro do Turismo estivesse atuando para obstruir as investigações em curso, "possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu MAURO CESAR BARBOSA CID, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual".

O procurador afirma que estão caracterizados os tipos penais de obstrução de investigação envolvendo organização criminosa e favorecimento pessoal.

O PGR diz também que consultas realizadas pela PF identificaram que quatro familiares de Cid (pais, esposa e filha) deixaram o país com destino a Los Angeles, nos Estados Unidos, em 30 de maio deste ano, em voo com escala na Cidade do Panamá.

"A informação reforça a hipótese criminal já delineada pela Procuradoria-Geral da República e evidencia a forte possibilidade de que GILSON MACHADO GUIMARÃES NETO e MAURO CÉSAR BARBOSA CID estejam buscando alternativas para viabilizar a saída de MAURO CID do país, furtando-se à aplicação da lei penal", assinala Gonet em sua representação.

Depoimento

Em depoimento à Polícia Federal (PF), o sanfoneiro negou que tenha ajudado Cid a tirar o aporte e que não tem contato com ele "há muito tempo".

Gilson declarou que o último contato teria sido no final de 2022, pouco antes das eleições, quando "prepararam juntos um documento para ser lido como discurso pelo então presidente".

"Portanto nunca manteve contato com ele durante o período em que ele [Mauro Cid] esteve preso ou agora que se encontra com uma série de restrições", registra o depoimento.

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