Professores do Estado têm reajuste aprovado depois de mobilização
De acordo com deputados de oposição à Raquel, a governadora teria usado a pauta do reajuste de 6,27% no piso salarial dos professores da rede de ensino do Estado para pressionar os parlamentares a votar em pautas de seu interesse.
Publicado: 09/06/2025 às 16:45

Professores da rede estadual de ensino foram até a Alepe para cobrar a votação do projeto de lei que estabeleceu o reajuste salarial da categoria. (Rafael Vieira/DP Foto)
O reajuste salarial dos professores da rede estadual de Pernambuco foi aprovado na tarde desta segunda-feira (9), com o voto positivo dos 31 deputados que compareceram à Reunião Plenária do dia. O resultado vem após uma intensa mobilização da categoria, que foi até a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) mais cedo para se reunir com o deputado Álvaro Porto, presidente da Alepe, e outros parlamentares. O encontro teve o objetivo de cobrar o compromisso da Casa Legislativa com a votação do reajuste de 6,27% no piso salarial da categoria, que até então vinha sendo adiada por falta de quórum.
A reunião da manhã contou com a presença de deputados como Dani Portela (PSOL), Antônio Coelho (UB) e Alberto Feitosa (PL), que alegaram que o governo Raquel Lyra estava usando a pauta dos professores para pressionar os parlamentares. “No primeiro e segundo dia, vocês observaram quais foram os parlamentares que faltaram e vários desses colegas estavam na Casa, só não foram para a Reunião (Plenária). Para isso acontecer bastou uma ligação. A governadora quis usar a educação pra dizer: ‘a gente só vota na educação, se vocês votarem a Adagro, se nos derem o empréstimo’, querendo usar vocês como moeda de troca. isso não pode ser itido nem de um lado nem de outro”, disse Dani Portela para os professores que lotavam o auditório Senador Sérgio Guerra.
De acordo com ela, a ausência dos deputados da base governista até então seria ordenada por Raquel, para que não houvesse quórum na votação para o reajuste dos professores enquanto outros projetos de seu interesse não fossem aprovados. Os deputados Rosa Amorim (PT) e João Paulo (PT) ponderaram sobre a situação. Depois de reafirmar a urgência da votação da pauta dos professores, os dois defenderam também que as divergências políticas não deveriam travar as demais pautas, que defendem também serem importantes para os pernambucanos.
“Que o pleito dos professores seja aprovado o mais rápido possível, mas tem uma outra pauta que tem interferência na vida do cidadão pernambucano, sendo professor ou não, que está precisando dessa aprovação. Por isso, vamos defender o bom senso, que todos os projetos que estejam em condição sejam votados, que as divergências sejam trabalhadas”, disse João Paulo, destacando que a governadora havia o recebido, junto com a deputada Rosa Amorim e Ivete Caettano, presidente do Sintepe (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco) e teria garantido que iria conversar com o presidente do Alepe, para agilizar a solução do caso dos professores.
O deputado Álvaro Porto rebateu revelando que a governadora fez uma ligação autoritária para ele. “Quando ela ligou para mim, a primeira palavra foi: ‘eu quero que amanhã sejam votados os projetos e é para aprovar’”, lembrou ele, que na ocasião disse que falaria com os presidentes das comissões da Alepe para saber como estava o andamento dos projetos solicitados por ela. “Não foi uma ligação para conversar, foi para dar ordem. Não vamos itir esse autoritarismo, porque quem manda nessa Casa são os deputados e o povo pernambucano”, concluiu ele.
Ainda de manhã, a presidente do Sintepe lembrou que a o Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 2968/2025, que estabeleceu o reajuste salarial de 6,27%, foi feito em acordo com o Governo do Estado e que, portanto, não havia razão para divergência com a bancada governista. Segunda ela, todos os presidentes das comissões da Alepe cumpriram o que prometeram para acelerar o processo da votação, mas a falta dos deputados aliados de Raquel Lyra atrasou a conclusão do caso. “Nós entendemos que a votação do nosso ia depender dos outros. Achamos uma irresponsabilidade de uma governadora fazer isso com uma categoria que é responsável por mais de meio milhão de estudantes”, disse a sindicalista, antes de ter seu apelo atendido nesta tarde.

